9 de mar. de 2011

Nutrição e Odontologia

Dra. Kallyne Bolognini Pereira
Nutricionista - CRNRJ 1007/09
Pós Graduada em Terapia Nutricional
Mestre em "Ciências Aplicadas a produtos para Saúde"

Todos precisamos da estrutura dentária para nos alimentar e ter uma melhor nutrição, pois é através dos dentes que trituramos o alimento para melhor absorção dos nutrientes pelo sistema digestivo. Além da boa digestão, existem várias razões para cuidar dos dentes, como boa aparência, relacionamento social, vida profissional e correta pronúncia.

Quando nossa saúde oral está prejudicada, podemos lançar mão de algumas condutas dietoterápicas para amenizar ou prevenir o aparecimento ou reincidência de doenças da boca. Sendo a cárie dentária a mais comum das doenças bucais e bastante incômoda, segue abaixo algumas recomendações para a prevenção da mesma.

Quanto aos alimentos que são fontes de carboidratos, o consumo deve ser normal. Mas deve-se atentar para o uso moderado dos chamados carboidratos simples (sacarídeos/açúcares). Estes possuem elevado poder cariogênico porque os monossacarídeos atuam no metabolismo das bactérias acidogênicas da placa, promovendo, desta forma, o desenvolvimento da cárie.

Os alimentos protéicos, por sua vez, possuem um papel importantíssimo para restauração das células epiteliais (cicatrização do tecido agredido pela cárie) e têm função cariostática (não são metabolizados pelos microorganismos da placa). Então, a dieta que melhor previne a cárie dentária deve ser hiperprotéica.

A ingestão de lipídeos deve ser normal a hiperlipídica (mas evitando frituras, com controle de poliinsaturados/saturados, dando preferência aos de fácil digestibilidade), pois além de função cariostática colaboram na lubrificação da cavidade bucal.

Em relação aos micronutrientes (classe que compreende aqueles nutrientes que colaboram para o perfeito funcionamento dos macronutrientes - carboidratos, proteínas e lipídeos) temos o destaque para a vitamina A (necessária para o tecido epitelial - reepitalização e ativação da dentina), vitamina D (absorção de cálcio e fósforo, importantes para a dentina e para síntese dos tecidos ósseos), vitaminas do complexo B (participação no metabolismo dos macronutrientes e no caso especial da folacina, que garante um suprimento sanguíneo adequado) e vitamina C (síntese de colágeno). Todos os micronutrientes supracitados objetivam a reparação do tecido lesado pela cárie.

Já as fibras da dieta, com destaque para a celulose (encontrada nos vegetais folhosos e cereais integrais) atuam como uma "vassourinha" promovendo a limpeza dos dentes de forma natural. Além disso, a elevada ingestão de líquidos (obviamente sem açúcares!) também facilita a limpeza e a hidratação da cavidade bucal.

Por tudo isso, não precisamos nos privar de uma saborosa sobremesa quando não temos imediatamente em mãos um kit escovação. Podemos contrabalancear os alimentos cariogênicos com os cariostáticos ingerindo, ao mesmo tempo, um sacarídeo e uma proteína, como é o caso da saborosa goiabada com queijo.


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