12 de nov. de 2011

A Importância da Primeira Consulta - Por que não cobrar?


Depois de um longo tempo sem postagens, volto falando de um assunto muito importante para nós, dentistas. Talvez este deveria ter sido nosso primeiro tema, mas nunca é tarde, principalmente quando o objetivo é a valorização profissional.
Quem nunca ouviu, no consultório, a seguinte frase: "Mas é só para dar uma olhadinha! Vai cobrar???".
Não sei quando nem onde, pela primeira vez, um dentista teve a infeliz ideia de não cobrar pelo diagnóstico, pelo conhecimento que, com tanto sacrifício, conquistamos ao longo da nossa vida profissional. E a moda pegou.
Qual a fase mais importante do tratamento? Se pararmos para analisar, é a primeira consulta! Mas uma primeira consulta bem feita, para um correto diagnóstico, essencial para o sucesso do tratamento. Existem aqueles que, talvez por não cobrarem, a realizam sem cuidado, na correria. Mas estes ainda mais têm a perder. Ou comprometem o tratamento, ao não corrigirem os erros a tempo, ou a relação de confiança com o paciente. O pior (na verdade, melhor) é que a maioria dos dentistas que conhecemos faz uma primeira consulta de qualidade. Mas, mesmo assim, não são devidamente valorizados.
E foi isso que nos fez acordar. Isso mesmo, não cobrávamos a primeira consulta! Seguimos a moda e tínhamos a falsa ideia de que, se cobrássemos, perderíamos bons pacientes. Mas a verdade é outra e podemos dizer com toda certeza: este é o filtro para os bons pacientes, aqueles que valorizam a odontologia. Os que não valorizam, conhecer, para quê?! São aqueles "pesquisadores de preço sem compromisso", que tomam o nosso tempo, sugam o nosso conhecimento, agendam a próxima consulta e faltam sem dar a mínima satisfação. Estes não podemos mudar, só evitar. O que podemos mudar é a nossa postura profissional, pois a valorização começa por nós.
Para quem precisa de números, analisamos as estatísticas do programa de gerenciamento que utilizamos no consultório. Antes, a média era de 50% de faltas. Hoje, é de 10%. A agenda ficou mais enxuta, mas é real e não ilusória. Com isso, temos mais disponibilidade e tempo para as consultas, tanto as iniciais quanto as dos pacientes já em tratamento. Damos mais atenção ao paciente, item de ouro para a fidelização.
Ainda sobre números, como calcular o valor de nossas consultas? Aluguel, água, luz, telefone, depreciação dos equipamentos e instrumentais, salário de funcionários, materiais descartáveis como luvas, gorros e máscaras, materiais de limpeza, enfim, existem inúmeros outros itens que poderiam ser listados aqui e que facilmente nos ajudam a determinar o custo da hora clínica. Além disso, e não menos importante, os bens imensuráveis, como nosso constante estudo (e até viajamos para isto!), o tempo que poderíamos estar passando com a nossa família e amigos, nossos momentos de lazer ou cuidando da nossa saúde.
Para aqueles que ainda têm dúvidas, sugiro um teste. Três meses de valorização profissional. Nós da Oral fizemos e nos surpreendemos ao descobrir um bom número de pessoas que ainda valorizam a odontologia. Até mais do que muitos dentistas.

Dra. Raquel Moreira Guimarães
Ortodontista - CRORJ 27986




7 de abr. de 2011

Endodontia na Gestação


Esta semana li um artigo super interessante, e acho que será de grande utilidade para todos:

"Vários estudos têm sido realizados relacionando o estado gestacional à maior inflamação gengival, a fatores de retenção adicional de placa bacteriana que podem agravar estados inflamatórios pré-existentes, devido às alterações hormonais que ocorrem neste período.
Recentemente tem-se observado grande número de doenças pulpares inflamatórias, ocorrendo também na fase gestação, não ligados diretamente a esta fase, mas como consequência de um momento, onde outros fatores tomam-se prioritários e os cuidados com a higiene oral são negligenciados, permitindo a evolução de cáries não tratadas e o posterior comprometimento pulpar (comprometimento do canal). Diante deste quadro, o clínico e/ou o endodontista vê-se obrigado a realizar um tratamento que alivie a dor e, ao mesmo tempo, não interfira negativamente no estado físico e emocional em que a paciente se encontra.
Segundo alguns autores, o melhor período para a execução de procedimentos odontológicos é entre o segundo e o terceiro trimestre de gestação, ou seja, entre a 13a e a 38a semana, quando o feto já está um pouco mais adaptado ao estado em que se encontra. Mas em casos de urgência (pulpites, traumatismos, processos infecciosos, etc.) este atendimento pode ser realizado em qualquer período, pois a dor e a ansiedade geradas podem ser mais prejudiciais do que o próprio tratamento odontológico. Neste caso, devem-se tomar algumas precauções, tais como: (1) Evitar a posição horizontal devido ao risco de pressionar a veia cava inferior, provocando uma queda de pressão arterial na paciente com possibilidade de síncope; (2) Executar radiografias apenas quando estritamente necessário e sempre com avental de chumbo protetor; (3) Não utilizar anestésicos contendo adrenalina ou noradrenalina (catecolaminas), principalmente no primeiro trimestre, pois pesquisas científicas relacionam seu uso a alterações cerebrais no feto. Deve-se dar preferência a substâncias com poder anestésico, tais como a lidocaína e a mepivacaína, atentando também para a técnica anestésica apurada e quantidade de droga injetada; (4) Evitar a prescrição de medicamentos com efeitos colaterais adversos ou de pouco tempo de utilização na clínica (por exemplo, tetraciclinas, vancomicina, cloranfenicol, quimioterápicos, etc.); (5) Entrar em contato com o médico pré-natalista para um acompanhamento mais seguro do caso.
Quando o tratamento endodôntico for a indicação correta, cabe ao profissional, embasado na experiência clínica e diagnóstico, nos recursos que dispõe e no quadro clínico diagnosticado, decidir qual a melhor conduta a seguir, pois sabe-se que o tratamento endodôntico requer um maior número de tomadas radiográficas e tempo mais prolongado para a execução, a depender das dificuldades encontradas, além do estresse gerado. Neste caso, realiza-se o tratamento de urgência, medica-se a paciente quando necessário, e adia-se o tratamento definitivo para após o parto, quando certamente haverá mais tempo e segurança para a execução do procedimento.
O período de gestação é "curto" frente à possibilidade de um quadro irreversível, ocasionado por um tratamento mal conduzido, com consequências que podem comprometer a qualidade de vida da gestante e do bebê.".

Dra. Tatiana Murteira E. S. Tonelli
Endodontista - CRORJ 27994



9 de mar. de 2011

Nutrição e Odontologia

Dra. Kallyne Bolognini Pereira
Nutricionista - CRNRJ 1007/09
Pós Graduada em Terapia Nutricional
Mestre em "Ciências Aplicadas a produtos para Saúde"

Todos precisamos da estrutura dentária para nos alimentar e ter uma melhor nutrição, pois é através dos dentes que trituramos o alimento para melhor absorção dos nutrientes pelo sistema digestivo. Além da boa digestão, existem várias razões para cuidar dos dentes, como boa aparência, relacionamento social, vida profissional e correta pronúncia.

Quando nossa saúde oral está prejudicada, podemos lançar mão de algumas condutas dietoterápicas para amenizar ou prevenir o aparecimento ou reincidência de doenças da boca. Sendo a cárie dentária a mais comum das doenças bucais e bastante incômoda, segue abaixo algumas recomendações para a prevenção da mesma.

Quanto aos alimentos que são fontes de carboidratos, o consumo deve ser normal. Mas deve-se atentar para o uso moderado dos chamados carboidratos simples (sacarídeos/açúcares). Estes possuem elevado poder cariogênico porque os monossacarídeos atuam no metabolismo das bactérias acidogênicas da placa, promovendo, desta forma, o desenvolvimento da cárie.

Os alimentos protéicos, por sua vez, possuem um papel importantíssimo para restauração das células epiteliais (cicatrização do tecido agredido pela cárie) e têm função cariostática (não são metabolizados pelos microorganismos da placa). Então, a dieta que melhor previne a cárie dentária deve ser hiperprotéica.

A ingestão de lipídeos deve ser normal a hiperlipídica (mas evitando frituras, com controle de poliinsaturados/saturados, dando preferência aos de fácil digestibilidade), pois além de função cariostática colaboram na lubrificação da cavidade bucal.

Em relação aos micronutrientes (classe que compreende aqueles nutrientes que colaboram para o perfeito funcionamento dos macronutrientes - carboidratos, proteínas e lipídeos) temos o destaque para a vitamina A (necessária para o tecido epitelial - reepitalização e ativação da dentina), vitamina D (absorção de cálcio e fósforo, importantes para a dentina e para síntese dos tecidos ósseos), vitaminas do complexo B (participação no metabolismo dos macronutrientes e no caso especial da folacina, que garante um suprimento sanguíneo adequado) e vitamina C (síntese de colágeno). Todos os micronutrientes supracitados objetivam a reparação do tecido lesado pela cárie.

Já as fibras da dieta, com destaque para a celulose (encontrada nos vegetais folhosos e cereais integrais) atuam como uma "vassourinha" promovendo a limpeza dos dentes de forma natural. Além disso, a elevada ingestão de líquidos (obviamente sem açúcares!) também facilita a limpeza e a hidratação da cavidade bucal.

Por tudo isso, não precisamos nos privar de uma saborosa sobremesa quando não temos imediatamente em mãos um kit escovação. Podemos contrabalancear os alimentos cariogênicos com os cariostáticos ingerindo, ao mesmo tempo, um sacarídeo e uma proteína, como é o caso da saborosa goiabada com queijo.


30 de jan. de 2011

Avulsão Dentária, O Que Fazer?


Há algumas semanas, entrando na garagem do meu prédio, à noite, fui abordada por um casal de vizinhos. O pai carregava a filha de dois anos, sonolenta, nos braços. Voltavam de uma emergência odontológica, pois a menina havia caído e avulsionado o incisivo decíduo superior anterior (o dente de leite da frente não quebrou, mas saiu inteiro, com a raiz). Tentei tranquilizá-los, dizendo que não havia muito o que fazer (além disso a menina não havia fraturado osso nem cortado lábio ou mucosa), mas.... O dentista reimplantou (recolocou no lugar) o dente decíduo!!!
Fiquei sem reação. Perguntei sobre o dentista e descobri que não era dentista (ufa!), e sim médico, pediatra. E amigo da família (putz!). Enquanto eles esperavam a resposta que justificasse minha cara de espanto (porque não consigo disfarçar), eu pensava: "Vou falar, doa a quem doer, é minha obrigação. E não serei ouvida. Paciência.".
"- Dente decíduo não pode ser reimplantado. A chance de anquilose (raiz unir-se ao osso definitivamente) é imensa e isto causará um defeito no nível ósseo durante o crescimento. Além disso, fará uma barreira à erução (nascimento) do dente permanente. Tomara que este dente caia sozinho, senão, só com cirurgia." Ainda completei: "- Infelizmente, durante sua formação, o médico não é preparado para este tipo de conduta. Pelo visto nem o pediatra." Para os curiosos: não gostaram, não concordaram e devem estar me achando a pior dentista do mundo... e louca! Afinal, o profissional era médico. E amigo.
Achei uma coincidência incrível isto ter acontecido comigo, pois estou sempre reclamando que o tratamento emergencial de avulsão dentária deveria ser mais divulgado, inclusive para leigos e pelo Ministério da Saúde! Por que não uma campanha?
Primeiro de tudo: DENTES DE LEITE NÃO PODEM SER REIMPLANTADOS!!!
A criança ficará sim com o espaço, paciência. Até erupcionar o permanente. Melhor que uma futura cirurgia, ainda na infância, para extrair o dente anquilosado. No máximo o dentista tratará fraturas ósseas e dilacerações da mucosa quando a queda for mais grave. E poderá providenciar um provisório, dependento do caso, mas muito bem estudado para não ser deglutido nem atrapalhar o desenvolvimento ósseo e dentário . Eu prefiro deixar a "janelinha".
Mas, e quando o dente for permanente, definitivo?
O dente permanente avulsionado deve ser reimplantado o mais rápido possível. Imediatamente seria o melhor, pois a chance de sucesso é de praticamente 100%. Isto vale para crianças e adultos. Vou explicar a conduta por tópicos para facilitar:

-Se estiver muito sujo, lavar rapidamente com soro fisiolófico ou água, SEM ESFREGAR para não remover o ligamento que envolve a raiz;
-Pegar o dente avulsionado e recolocá-lo. Segurar pela coroa;
-Morder um pano, com pressão leve, para mantê-lo posicionado;
-Procurar imediatamente o dentista, que fixará o dente (já reimplantado por você) aos vizinhos com fio flexível por 2 a 4 semanas;
-Iniciar antibioticoterapia sistêmica (será prescrista pelo dentista);
-Iniciar conduta adequada para cada caso (esta parte é de responsabilidade do dentista, de acordo com a conduta tomada pelo paciente após a avulsão e pelo nível de formação da raiz dentária).

Nos casos em que o paciente ou o responsável não conseguir recolocar o dente, levá-los (o paciente e o dente!) o mais rápido possível para o dentista. O dente deve ser transportado em copo limpo, mergulhado no soro fisiológico ou no leite em temperatura ambiente, ou dentro da prória boca na região entre bochecha e os molares (se não houver risco de ser deglutido).
Se algum dia você presenciar uma avulsão de dente permanente, não tenha medo e aja imediatamente, realizando o reimplante conforme expliquei. Lembre-se: quanto mais rápido o reimplante for realizado, maior chance de sucesso!

Dra. Raquel Moreira Guimarães
CRORJ 27986 - Ortodontista

http://www.oralodontologia.com.br/

4 de jan. de 2011

Prótese Metal-Free


Como já foi falado aqui, a procura por dentes mais semelhantes aos naturais aumenta a cada dia nos consultórios odontológicos. Neste cenário, as próteses de porcelana com reforço em metal (coping) estão sendo abandonadas pelos profissionais, pois com o tempo apresentam retrações gengivais, exposição do metal, fratura do revestimento externo que recobre a prótese e manchas. Esta última é mais frequente em pessoas com problemas gengivais ou com gengivas delicadas e transparentes.

Hoje em dia podemos tranquilamente melhorar um sorriso lançando mão das próteses em porcelana pura (metal-free). Nesta prótese a estrutura interna é composta por um reforço de zircônia ou alumina, materiais tão resistentes quanto o metal, apresentando vantagens como:

- Melhor estética;

- Alta resistência;

- Durabilidade;

- Translucidez;

- Não aparecimento de alos acinzentados na gengiva.

Por esses motivos a procura por próteses em metal-free aumenta a cada dia nos consultórios dentários, aposentando os materiais metálicos e até aqueles com reforço em metal.
Dra. Paula Alves Tepedino
Especialista em Estética
CRORJ 30715